Não existe vazio no universo. Absolutamente tudo está cheio. Todos os planetas, estrelas, asteroides, buracos negros têm seus tipos de vida, seres adequados a cada ambiente. Na Terra, onde imaginamos espaços vazios vivem trilhões de nano seres, microorganismos invisíveis, micropartículas no ar respirando o mesmo oceano de oxigênio que os seres visíveis respiram. O próprio oxigênio é um universo de matéria viva. Tudo está preenchido.
Nos vulcões estão organismos adaptados, nas geleiras, nos desertos, nos oceanos estão zilhões de seres inimagináveis todos absolutamente adaptados. Nesse exato instante entre você e a tela do celular, bilhões de micro seres circulam no ar, penetram na pele, mergulham pela boca, saliva, pelas narinas, invadem os pulmões, se espalham na corrente sanguínea, dançam na mente.
Sonhei com isso. Havia uma infinidade de seres entre a Terra, a Lua, o Sol e todo o resto. Nenhum vazio, nem no vácuo. Naves orgânicas, seres alados, olhos acesos, inteligências grudadas em mim. Nenhuma sensação ruim, nenhum espanto. Aquilo não era estranho, pelo contrário era conhecido. Devo ter esquecido, ah! essa minha memória. Voava a uma super velocidade sem qualquer abalo, como se estivesse parado, dormindo. Mas estava atento a tudo.
A nave atravessava campos imensos de espécies de flores cósmicas sem ferir as pétalas. O perfume estranho penetrava através de filtros mágicos. Cardumes de seres como peixes miudos, com um olho na frente, passavam rápidos e indiferentes como se dirigissem a um congresso galáctico.
CONGRESSO CÓSMICO
Lembrei da noite de setembro de 2013 quando vimos trinta e sete naves em formação de V dirigindo-se ao Norte. Éramos dez adultos e três crianças em um sítio no litoral Norte, na Bahia. Todos viram. Eu contei trinta e sete, mas um dos amigos contou quarenta e duas, cinco a mais. Eram muitas e isso não era sonho. As crianças apontavam para as luzes num misto de alegria e espanto. Corri para buscar o celular na casa e registrar, foi o tempo de sumirem na noite. Deviam estar a caminho de algum congresso, sugeriu um dos amigos.
Outra aparição foi na passagem de 2011 para 2012. Após brindarmos e assistir ao longe os fogos lançados dos hotéis de Sauípe, uma das luzes permaneceu acesa enquanto as demais viravam fumaça. A luz parada chamou nossa atenção. Depois começou a pulsar e simultaneamente a subir em velocidade. Parava no alto, voltava para o centro, descia até o horizonte, subia e se deslocava para a Norte e para o Sul em linha reta. Estávamos estáticos, boquiabertos em uma fazenda em Mata de São João, Bahia. Até que a luz estancou pulsante e uma das meninas do grupo, sensitiva, passou a falar como incorporada. Uma fala longa sobre algo como "estamos aqui observando, nossa comunicação é pelo coração, todas as comunicações são pelo coração". Foi nosso único e último reveillon juntos. Cada qual foi para seu lado. Nunca mais falamos sobre isso.
Presenciei várias aparições de naves no céu do Recôncavo, do Litoral Norte e Chapada Diamantina até 2015. Desde então, mais nada. Até que em março de 2020, em pleno início da pandemia, por volta da meia noite, uma luz forte invadiu meu chalé no meio da reserva onde me escondo em Mata de São João. Noite escura, lua minguante em Sagitário, a luz entrava pelas frestas das telhas. Poderia ser o super farol de algum mega caminhão, mas não havia qualquer som de motor, nenhum barulho, nem dos grilos. Fiquei alguns segundos perplexo com aquela luminosidade até que apaguei.
Na madrugada, voltei a acordar dessa vez com a visão de um vagalume tamanho gigante sobre minha cama, sem piscar. Nunca tinha visto vagalume sem piscar. Ele pousou na madeira, sua luz refletiu na parede e eu apaguei. Nesse dia acordei muito tarde, às dez horas. Peguei o celular, liguei e nada. O aparelho não ligava e nem carregava. O celular estava inexplicavelmente queimado. No dia seguinte comprei outro, baixei os programas e nas mensagens estava uma de minha filha: "Pai, nasceu Matheus. Estamos bem". Menino danado, antes de nascer deu uma passadinha luminosa na casa do vô só pra avisar, tô chegando!
Que viagens mais lindas!
Tão especiais que beiram o sobrenatural...
Coragem...teu nome é Arto!...