Levada pelos interesses do capital, o sistema inventa doenças, dá nome, qualifica e responsabiliza as pessoas por suas fragilidades. Foi assim que inventou o diabético, o cardiopata, o alcoolico, o cancerigeno. Inventou o depressivo, o paranoico, o epiléptico. Todas as doenças são invenções do modelo para culpar os massacrados e livrar seus inventos da responsabilidade pelos massacres. São os estupradores responsabilizando os estuprados pelo estupro.
Por exemplo, criou os celíacos, pessoas com intolerancia ao gluten, a famosa proteina do trigo. Ao transformar gente saudável em doente eles rapidamente isentam o produto do seu veneno e livram a farinha de sua culpa.
A serviço do capital, a ciência passa então a construir a narrativa da “alergia” de algumas pessoas a algo tecnica e filosoficamente superior, o trigo processado, fonte de bilhões de dinheiros.
A partir daí montam-se redes de tratamentos, clinicas especializadas, linhas de estudos e pesquisas de medicamentos, uma imensa farsa de propaganda para fazer com que corpos saudáveis acreditem que são doentes e passem a conviver com venenos. Como não conseguem, inventam um “probleminha” no produto e dão-lhe um nome esquisito, inquestionável e verossimel, o gluten. Em seguida criam produtos sem gluten, a industria não pode parar.
Mais à frente alguém percebe que a intolerancia permanece, mesmo na coisa sem gluten. Então aparece outro personagem, a gliadina. Essa substancia ataca neuronios e leva pessoas saudáveis à demência. Tira-se a gliadina? Não, não pode, a gliadina é a essencia do trigo, seria acabar com a indústria. Então acionam-se os laboratorios da ciência para criar medicamentos inibidores dos efeitos da gliadina para que o consumidor não pare de consumir o veneno.
Assim funciona com tudo. Em nenhum momento o capital cogita tirar seus venenos de circulação, fazer um recall como nos carros, destruir plantações geneticamente modificadas, interromper máquinas de sucos artificiais, carnes processadas, rios de refrigerantes, mares de cervejas, uisques, vinhos maléficos.
Em nenhum momento admitem responsabilidades, fazem um mea culpa e fecham o barraco. Ao contrário, ampliam suas redes, invadem tribos, aldeias distantes, espalham suas marcas sobre encostas, favelas e quilombos.
Simultaneamente transformam os doentes por seus venenos em fonte extraordinaria de lucros. O sistema de saúde alimentado por doenças passa a ditar regras e alinhar discursos. As pessoas precisam se tratar, fazer exames periódicos, o domingo rosa, o mês azul, evitar a chuva, se proteger do sol, tomar todas as vacinas, o mar não está pra peixe. Os humanos convencidos de que os problemas respiratorios e digestivos são seus, enlouquecem. Crescem as filas nos psicologos e psiquiatras. Começa então a divisao familiar de culpas, a doença hereditária.
As dores nas costas herdou da mãe, a calvice do pai, o estômago dolorido, o diabetes, o cancer é de família. O enjôo foi a comida que caiu errada, não dormiu bem por causa do barulho dos pássaros.
Remédios para digestão, bombas para dores de cabeça, máscaras contra virus, as cidades civilizadas são a grande doença. Mas ninguém cogita fechá-las nem quando o ecossistema explode em pandemias e vendavais. Assim que passam as tempestades e a lama corre pro mar, o sistema retorna sedento para alimentar os assustados sobreviventes com seus velhos venenos de sempre.
Fim!
E aí a pergunta: dá para fugir disso ou estamos condenados a esse fim?