Meu amigo criava sapos na bacia aqui em casa. Dois sapos, três, dez sapos depois de um ano. Os bichos o conheciam, abriam as patas, festejavam quando ele chegava. Pedi apenas que tirasse a bacia da sala de visitas. Meu amigo não curtiu, achou discriminatório. Por que os gatos podiam e os sapos não? Levou pro quintal.
O amor dele pelos bichos era tocante. Eu queria jogar todos nos infernos, mas me continha. Um deles pulou da bacia, saltou pro mato e eu sorrateiro o peguei com uma pá arráá… e levei pra onde o vento fazia a curva. Dia seguinte, o cara estava de volta à bacia. Meu amigo contava, um, dois, três… dez e ficava em paz.
Até que precisou partir pra Recife, meu querido amigo deixou um vazio na casa e a bacia no quintal. Nada me impediria de mandar aquela população pra lagoa distante, mas, mas… os sapos que ele amava, meu respeito a esse amor, deixei os caras lá.
Até que a agua da bacia secou e a contragosto todos partiram pro mundo. Mas até hoje três habitam a casa entre a privada e a cozinha esperando a volta do amigo…que hoje cria sete gatos numa caixa.
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