A atmosfera é uma cela de cadeia. Para atravessá-la só com ferramentas pesadas, naves de titânio e roupas de escafandristas. É preciso um complexo plano de fuga com bilhões de dólares envolvidos. É preciso subornar a natureza. Ninguém vivo deixa a terra sem essa permissão. Somos todos prisioneiros do planeta. Como alguém pode se sentir livre nessa prisão?
Mandela deu uma dica - "sou mais livre que você", se dirigindo ao carcereiro. Mandela estava apenas preso na cadeia, sem grandes responsabilidades e expectativas senão um dia, quem sabe, trocar de cela. Depois de quase 40 anos, solto, virou presidente da África do Sul e passou à prisão das grandes responsabilidades.
O corpo é outra cela. Ele restringe o espírito de aventura, impõe os limites com olhos, ouvidos, braços e pernas. Ele abriga o medo, o instinto de sobrevivência e hospeda os pulmões, esses órgãos que processam o ar da atmosfera. Sem isso, bye bye.
Como estar livre carregando um corpo prisão? Porque ainda tem essa, somos obrigados a carregá-lo por onde formos, esse corpo patrulha, presente, fofoqueiro. Sabe de todos as nossos segredos e cagadas, dorme e acorda, toma banho junto e tropeça na sala. Ok, sabe também das alegrias.
LIVRES NA MASMORRA
Eu sempre quis ser livre, desde criança. Mas tinha o berço, tinha a porta da casa, tinha a janela fechada. Enfim adulto consegui a liberdade, mas passei a me encalacrar em compromissos, agendas, projetos, metas, conquistas, dinheiro, para ser livre era preciso dinheiro. O mesmo ocorria com os vizinhos.
Ah, no amor enfim livres, uma liberdade condicionada, naqueles tempos, às muitas concessões. Sei de pessoas que se sentiam livres quando estavam presas a outras ou a uma causa. Afinal, pertenciam a algo e o pertencimento liberta.
Temos no DNA filamentos da escravidão? Bem provável.
Como ter sensação de liberdade nessa masmorra? Apelamos então para que os artífícios nos libertem, os jogos e as religiões, divindades, meditações, exercícios físicos, os ansiolíticos, todas as drogas, ópio, coca, heroina, suplementos, vitaminas; apelamos para o shopping terapia, muito para o álcool, o açúcar, as redes sociais, as euforias e a vida dos outros.
Saber das desgraças alheias liberta as nossas. A violência além das telas, no território distante, bem distante também nos alivia. Ter uns trocados na conta e saber que vai comer no dia seguinte, também dá essa sensação de liberdade. Nos resto, terapia pra dentro. Então passamos à dependência dos terapeutas, sai de uma prisão para outra. Feliz daquele que tem sua prisão na beira do mar, no meio do mato ou no pé da serra. Talvez nem se sinta preso.
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