Quando um tema como esse entra em debate no congresso é porque foi “autorizado” por quem manda. Quando a direita aceita discutir é porque foi instruida a aceitar por quem comanda.
A reivindicação da redução da jornada de trabalho é antiga, andava mofada nas gavetas do parlamento. Eis que agora entra na pauta com impressionante rapidez levada por uma parlamentar acima de qualquer suspeita. Erika Hilton não poderia ser melhor canal.
Nada como aproveitar uma antiga reivindicação, um desejo atávico e torná-lo realidade como se houvesse caido a ficha de que trabalhadores merecem sim trabalhar menos. Quanta astúcia. A esquerda satisfeita pensa que faturou uma conquista para a classe trabalhadora. A direita posa de compreensiva e amiguinha enquanto o mundo do trabalho entra no modo fim dos tempos do “éramos felizes e não sabíamos”.
A redução do trabalho nos moldes do seculo XX é caminho sem volta. As grandes indústrias, as que empregam enormes contingentes não empregam mais. Linhas de montagem que utilizavam a força de trabalho de mil seres humanos hoje utilizam dois, três gatos pingados com as mãos pro céu.
Os robôs minha gente, alôô!! são mais precisos, mais fortes, mais quietos, mais passivos e mais confiáveis. Viram noites, dias, anos, sem perder tempo nos banheiros, nos refeitórios, nos corredores, sem fazer assembléias e filas nos setores de RH. Os robôs minha gente alôô!! são a nova força de trabalho. Os humanos ah os humanos serão lembrados como memórias do longinquo passado quando ainda havia chão nas fábricas..
O desmonte humano é em cadeia. Os robôs vão tirar empregos até de ajudantes de cozinha, porteiros, seguranças e motoristas. Os setores administrativos não precisarão de digitadores, contadores, telefonistas, ofice boys e gerentes chatos. O RH não terá psicologos nem assistentes sociais. Os poucos humanos nas empresas serão atendidos por algoritmos dos chats GPT. Para apoio tecnico digite 1, para apoio emocional digite 2, o setor de dispensáveis.
As conversas dos especialistas em fim dos tempos é sobre demissões em massa de grandes setores e da desnecessidade de gente em pequenos. Falam em multidões de zumbis nas ruas do mundo. Nem no campo haverá vaga. Nos cortes de eucalipto, por exemplo, onde antes eram 100 homens com machados e motosserras, hoje são três nos instrumentos de robos com braços e dedos imensos que valem por 300.
O que fazer hoje com os humanos que ocupam o lugar dos robôs? Ir por etapas.
1. Reduz a carga horária.
2. Depois o salario
3. Depois mostra que mesmo com carga horaria reduzida e baixo salário, o gasto é alto.
4. Reduz a equipe ja reduzida.
5. Baixa o salario dos que ficam.
6. Aumenta os aparatos de segurança com mais robôs.
7. Aumentam os presídios, as pandemias, os tipos de cancer, as guerras, a fome, fim dos tempos
8. Reseta tudo.
O planejamento é perfeito, todo ele feito por algoritmos, com todos os buracos e possíveis falhas resolvidos. Anos de estudos e acúmulo de conhecimento abastecem as redes feitas de silício, nióbio e grafeno. As grandes cidades serão depósitos de gente alheia, drogada.
Alguém deitado no passeio, sobre um papelão do mercado livre, vai lembrar com dolorosa saudade do tempo em que era feliz e não sabia. O tempo dos 6x1.
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