Se há uma coisa que produzimos com eficiência é lixo. Somos competentes. É a única produção verdadeiramente democrática, miseráveis, pobres e ricos têm acesso. Os últimos produzem em escala geométrica, em toneladas. Os demais, em números estratosféricos pela quantidade, em bilhões. Tudo pefeitamente grotesco. Produzimos lixo, viramos depósitos de lixo.
Ninguém escapa dessa praga. Desde os mais espiritualizados aos mais materialistas, os lixos brotam das tribos com ou sem rezas. As sociedades produzem mais lixo do que alimentos.
Até 2050 a produção deve crescer 80% passando de 2,1 bilhões de toneladas para 3,8 bilhões por ano. Uma catástrofe. É a quarta guerra mundial, porque a terceira já está transformando pessoas em lixo no Oriente Médio, na África, nos países invadidos pelos maiores geradores de sujeira, os colonizadores.
A tragédia do RS foi provocada por lixo. Outras tragédias virão e mais uma vez vão culpar o aquecimento global. Ora, o aquecimento global é resultado do lixo que sufoca o planeta.
Devastar florestas para implantar fazendas do agronegócio é produzir lixo. Matar natureza para em seu lugar lançar venenos no ambiente é produzir lixo.
Para gerar riquezas o sistema produz, na ponta, lixo. Cada vez mais cedo tudo acaba em lixo. Até o século passado, os objetos chegavam a durar décadas. Concluiram que isso dava prejuizo. Criaram então os produtos com prazos curtos de validade para virarem lixo mais cedo.
O LIXO DA BELEZA
Não se tem noção do tamanho do lixo que vai emergir das águas do RS. Mas já se sabe que será outra devastação. Pelo menos duzentos mil carros já viraram lixo. Casas inteiras viraram lixo ao lado de milhares de móveis, geladeiras, fogoes, guarda-roupas, sofás e toneladas de detritos misturados a corpos humanos e de animais. Os números oficiais (169 corpos até dia 27 de maio) não correspondem à realidade. É possível jamais sabermos a verdade.
O maior produtor de lixo do planeta é a indústria do petróleo e derivados. A estratosferica poluição liberada das chaminès é lixo lançado na atmosfera. O segundo maior produtor é a indústria da vaidade, a moda. Para produzir calças ou malhas de poliéster, a indústria têxtil mundial utiliza 70 milhões de barris de petróleo todos os anos. Essa montanha de resíduos demora mais de 200 anos para se decompor.
A viscose, fibra artificial feita de celulose, exige a derrubada de 70 milhões de árvores todos os anos. Já o sofisticado algodão exige uso de substâncias altamente tóxicas em seu cultivo - 24% de todos os inseticidas e 11% de todos os pesticidas são utilizados nas plantações, com impactos no solo e na água, ou seja, mais lixo na natureza. Não só tecidos fazem a indústria da moda, as toneladas de bugigangas, badulaques, perfumes, maquiagens, tinturas, plásticos, embalagens vão para os lixos assustar o planeta.
O Brasil produz anualmente 11,3 milhões de toneladas de lixo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia. Isso sem falar do lixo eletrônico. O país é um dos maiores produtores com mais de 2 milhões de toneladas anuais, atrás da China (10,1 milhões), EUA (6,9 milhões) e India (3,2 milhões de toneladas).
Diga-me quanto lixo produz que direi quem você é.
A quantidade de lixo corresponde ao tamanho do PIB. A cidade de São Paulo, maior economia do país, produz 12 mil toneladas de lixo por dia. Cada paulistano gera em média 500 kg de lixo sólido por ano. Isso sem falar nos lixos que descem pelas privadas.
O lixo é a razão de ser do sistema. Simplesmente sem ele nada existe nesse modelo 3D de existência. O corpo gera lixo orgânico e precisa liberar senão entope. O corpo que não libera morre. A economia que não gera lixo igualmente morre. O problema é como administrar essa produção caótica, como gerar menos e reciclar mais.
Poucos países fazem isso com competência. A Alemanha recicla 60% do seu lixo, é a campeã. Os outros 40% vão pra natureza. A imensa maioria está na idade média quando os lixos das pessoas voavam atirados pelas janelas. Qual o futuro disso? Você já sabe.
O Futuro é o Caos!
Forte, mas real e verddeiro o que você diz r sobre a 3a. Guerra. ;-(
E assustador saber em números a nossa produção de lixo.
Será que teremos futuro?