Enquanto me sinto em paz, minhas enzimas estão enlouquecidas. Elas giram no interior das celulas a velocidades de furacão nivel 5, acima de 250 km por hora. Dentro de mim, dentro de nós, a paz não é pacífica.
Imagine que esse dia calmo de outono está sustentado por explosões no interior do planeta que por sua vez gira a velocidade acima de 1.600 km por hora. Isso por todo o tempo há bilhões de anos. Portanto a paz de agora também é resultado de muita turbulência. E se ela reduz e pacifica, o planeta acaba.
A vida é uma eterna tensão entre o puxa e empurra. Não há descanso, não pode haver vacilo. No puxa-empurra, nenhum pode prevalecer sobre o outro. Essa é a lei, o equilibrio. Dito isso, a paz que sinto não tem como existir sem os conflitos da existência. Reconhecer que tudo é movimento, acalma, pacifica.
Paz e conflitos são o puxa-empurra. Os instantes de quietude são precedidos de inquietudes e vice-versa num troca-troca circular. Ambos têm direitos iguais na balança. Sabe-se que logo um virá depois do outro, questão de tempo. É lei, ninguém escapa. Quando descobri isso, pacifiquei as derrotas e acalmei as vitórias. Nenhuma delas irá prevalecer nessa balança de sensações.
Estamos em um mundo primitivo, somos primitivos, bilhões ainda comem carne de outros animais, destroem a propria casa, matam os da mesma espécie por diversão e ódio racial. Esperar que nesse lugar atrasado a paz prevaleça em algum momento é tão ilusório quanto achar que os conflitos serão constantes. Puxa-empurra. Guerras e mortos produzem paz e vivos.
É a inexoravel balança.
A Paz e a Guerra são hoje produtos a consumir. Estando em Paz é vendida a Guerra e estando em Guerra é vendida a Paz. E a gente sempre comprando...o futuro.