O povo quer um pai, um pai raivoso, histriônico, ameaçador, mentiroso e rico. O povo não quer pais generosos, esses são para os fracos, o povo quer força. O povo também não quer pais verdadeiros, esses são chatos. Ninguém sabe o que virá de um pai verdadeiro, mas sabe o que virá de um mentiroso. Mentirosos são previsíveis, algo será dito que irá desmontar a verdade inconveniente. A mentira tem esse poder de acalmar e se ajustar aos interesses.
A mentira é refrescante. No século XI, Gengis Khan entendeu o poder da mentira e produziu muitas. Uniu as tribos da Mongólia com a mentira de que era capaz de enfrentar raios e trovões, o pavor do povo. O cavalo empinou no meio da tempestade que desabara sobre a guerra entre tribos. O Khan estava em menor número quando os raios desceram.
Enquanto os guerreiros deitavam no chão apavorados, ele disparava seu cavalo para a tormenta. O animal levantou as patas com um relincho e os guerreiros não tiveram dúvida, se renderam ao homem que enfrentou os trovões. Assim ele uniu a Mongólia.
A história do grande Khan é fantástica. Em apenas 40 anos ele dominou mais países que os romanos em 400, usando mentiras. Antes de invadir um lugar, enviava espiões para espalhar mentiras entre as vítimas. Quando o exército apontava no horizonte, todos já estavam de joelhos temendo o maior monstro do universo, um mongol gigante com sangue nos dentes. O Khan era baixinho e diz a lenda, faltavam-lhe dentes.
A mentira não é parte do jogo, é o próprio jogo. Estamos no século XXI vivendo um universo de mentiras de deixar o esqueleto do Khan complexado. O tanto de mentiras que Trump espalhou era pra ser incinerado pelos cristãos. Mas quem disse que cristãos gostam de verdades? Trump mentiu de cabo a rabo levando o país ao delírio. Elegeu-se com votação estrondosa e ainda colocou maioria no senado, na câmara de deputados e um monte de governadores republicanos.
A espécie humana é a mesma desde sempre. Os faraós mentiam sobre seus poderes divinos – faraós tinham dor de barriga e mijavam nas calças, mas o povo amava os faraós como deuses sem xixi e cocô. Reis e imperadores mentiam sobre a indicação divina para os cargos, mas o povo adorava suas mentiras e as repetiam como verdades indiscutíveis – quem contestava acabava nas fogueiras.
Todo poder sempre foi cercado de mentiras e mentirosos. Quando surgia uma verdade inconveniente, logo era decepada, retirada da sala, afastada do cargo.
As redes sociais são hoje a bomba atômica das mentiras. Elas explodem e devastam em segundos os inimigos. Sabendo disso, até quando os mocinhos vão insistir em jogar com verdades? Serão todos dizimados pelo agregador de mentiras, porque elas fazem gozar, satisfazem tesões reprimidos e dão poderes divinos a quem não tem nada pra ver no horizonte. Cair na real, meu rei, é broxante... e quem quer?
Levante a mão!
Comments